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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

JUTA... O tesouro ecologico da Amazônia

MANACAPURU (AM) e CASTANHAL (PA) - A plantação de juta, cultura que é a principal fonte de renda de 15 mil famílias na Região Amazônica, está em alta, com a ampliação da consciência ecológica dos consumidores. É o que mostra reportagem de Henrique Gomes Batista, enviado especial à região, em matéria publicada na edição deste domingo, do GLOBO.

As sacolas feitas a partir da fibra da planta - também conhecidas como ecobags - estão sendo analisadas por grandes redes do varejo nacional, como Carrefour, Walmart e Pão de Açúcar, como possível substituto às poluentes sacolas de plástico.
Mesmo no exterior aumenta o interesse pelo produto, o que tem elevado o preço mundial da fibra e seus derivados. Embora o Brasil venha tendo dificuldades para aproveitar integralmente este momento, com uma produção muito aquém de seu potencial, os ribeirinhos depositam suas esperanças nessa cultura. 

Mais que negócios, isso se reflete na qualidade de vida das famílias que vivem às margens dos rios da Amazônia, que plantam a juta nas terras que só ficam acima do nível das águas por seis meses, exatamente o ciclo da planta. Para a maior parte das famílias, a juta é a única ou a principal fonte de renda da população, que também cultiva abóbora e mandioca, além de ter criação de peixes, visando à subsistência. 



- O preço melhorou bastante, estão pagando para a gente R$ 1,50 por quilo de fibra, faz uns três anos que o preço está subindo. Ainda não está o ideal, que é R$ 2 por quilo, mas estamos chegando lá - comemora Francisco de Assis Lamego Baixote, senhor de 73 anos que vive há seis décadas da juta. 

Ele tem toda a história da juta de cabeça. Viveu seus tempos áureos, na década de 1980 e sobreviveu à década passada, quando o quilo do produto chegou a valer R$ 0,35. Atualmente, são dez mil famílias do Alto Solimões, no Amazonas, e outras cinco mil no Pará que vivem do produto. Em média, cada pequeno produtor colhe de suas várzeas entre quatro e nove toneladas de juta, o que dá um rendimento líquido anual entre R$ 6.800 a R$ 15.300 - excluindo os custos de produção e de mão de obra de auxiliares. 

Nessa conta entra agora um subsídio pago pelo governo do Amazonas, de R$ 0,20 por quilo de fibra, para manter o homem na cultura.
No passado, a produção da juta já garantiu o sustento de 60 mil famílias. Hoje, falta de tecnologia e de financiamento impedem a ampliação da produção. Neste ano, deverão ser colhidas 12 mil toneladas de fibra de juta e malva - variedade brasileira da planta -, 50% a mais que em 2009, ano marcado pelas fortes enchentes acima do padrão na Região Norte.
Entretanto, com o crescimento do consumo, o país terá de importar até 10 mil toneladas de juta de Bangladesh.

No auge da cultura no Brasil, em 1981, foram produzidas 95 mil toneladas de fibra, das quais 20 mil foram destinadas ao mercado exterior, segundo o Instituto de Fibras da Amazônia (Ifibram).

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